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algumas estórias, Adrianne Gallinari

A artista mineira Adrianne Gallinari tem quase 40 anos de carreira. Pouco conhecida em São Paulo, a exposição algumas estórias se propõem apresentar um conjunto de pinturas e uma sala especial com seus desenhos no campo expandido, ou desenhos de parede, pelos quais ela era mais conhecida no final dos anos 1990 e início desse século. Nesse período, Adrianne Gallinari teve individuais no The Drawing Center em Nova York (2000), na tradicional galeria Ruth Benzacar em Buenos Aires (2001), e duas individuais na Galeria Triângulo (2003 e 2007), além de participar no Projeto Pampulha, em 2003, com curadoria de Rodrigo Moura e Adriano Pedrosa. Também participou de inúmeras coletivas ao longo de sua carreira. 

 

Fundamentalmente uma artista que explora a característica do automatismo do desenho, em sua crítica ao gênero, Gallinari desenvolve uma pesquisa das suas possibilidades da ativação do sensível, mais precisamente do olhar. Esta é uma marca muito presente nos artistas que surgiram na segunda metade dos anos 1980. Em seu caso particular, a ocupação dos espaços físicos onde apresenta os desenhos de parede é de certa forma uma exposição de uma ética em relação ao lugar em que estamos no mundo e como isso se relaciona com o aspecto intuitivo e fluido do desenho. Sem um projeto pré-concebido, ou uma definição do que será feito, o trabalho se dá no tempo de observação, meditação ou acumulação das estórias perdidas por detrás das paredes que delimitam o espaço que ocupa. Seus detalhes, suas dobras, e suas perspectivas, após serem absorvidas pela a artista, quase que como um diálogo em reverência a aquilo que está dado diante da sua frágil condição humana, nesse encontro surgem as  indicações das possibilidades e plasticidades do desenho, seu volume e ocupação final. A contemporaneidade do seu trabalho, vai ao encontro da determinística atual onde tudo é projeto, tudo parece ter que ser explicado ou exteriorizado a priori, quando invertendo essa seta temporal, o desenho é o campo do fluxo da experiência, na maioria das vezes, mental sem endereço certo de chegada. 

Completando a sala especial de desenhos na parede, Adrianne apresenta um conjunto de 15 trabalhos. Assim como a ética do espaço marcam os desenhos instalativos, nas pinturas Adrianne não se afasta do desenho. Mesmo sendo acrílica sobre tela, tudo aparece como marcações no campo do limite da tela. Marcações abstratas ou figurativas interagem em igualdade dialogando entre si como se a pessoa e a mente estivessem em constante embate. A sua experiência, ou a sua vida, ainda que não de forma confessional, mas mediada pela imaginação, são ali expostas como possibilidade de se transformarem em algumas estórias alternativas.


Numa parceria das galerias Projeto Vênus e Gomide&Co a exposição algumas estórias por Adrianne Gallinari ocupará a Lanterna Mágica do dia 24 de setembro à 12 de novembro de 2022.

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